
Winefulness
O vinho como caminho para a presença
Publicado em: 30/06/2025 às 10:23
Winefulness: o vinho como caminho para a presença
Vivemos numa era em que quase tudo é veloz, utilitário e ansioso. Bebemos para esquecer, para relaxar, para acompanhar. Raramente bebemos para estar. Mas e se o vinho pudesse ser mais do que um produto de consumo? E se ele pudesse ser um instrumento de reconexão com os sentidos, com o tempo e consigo mesmo?
Essa é a proposta do winefulness — um neologismo inspirado em mindfulness, que aqui se traduz como atenção plena ao beber. Não é um modismo, mas um convite à redescoberta do vinho como experiência sensorial, estética e existencial.
O que é winefulness?
Winefulness é a prática de beber vinho com consciência, presença e intenção. É trazer atenção para cada etapa do encontro com o vinho: do servir ao observar, do cheirar ao provar, do sentir ao refletir. É também uma recusa sutil à pressa, ao automatismo e ao excesso de estímulos. Como escreve o poeta David Whyte:
"A mente cheia de ocupações não consegue perceber a profundidade de um momento simples."
Assim como no mindfulness tradicional — descrito por Jon Kabat-Zinn como "prestar atenção de forma intencional, no momento presente e sem julgar" —, o winefullness propõe que se suspenda o julgamento e se abrace a escuta sensorial. O vinho não precisa ser classificado, rotulado ou compreendido tecnicamente de imediato. Antes disso, ele precisa ser sentido.
O vinho como objeto meditativo
Há objetos que nos convidam à contemplação. Um livro. Uma fogueira. Uma taça de vinho. O vinho, quando abordado com respeito e curiosidade, pode se tornar um espelho da atenção.
A escritora e monja zen Ruth Ozeki, em seu livro Timecode of a Face, defende que a prática da atenção pode ser aplicada a qualquer objeto comum — inclusive a uma tigela de arroz, a um rosto ou a uma taça. Basta que se esteja presente.
O vinho, por sua riqueza sensorial, complexidade aromática e relação com o tempo, é especialmente potente nesse exercício. Ele muda ao longo dos minutos, oxida, aquece, se transforma. Ele é tempo líquido. Estar com ele é treinar-se no fluxo da impermanência.
Silêncio, tempo e profundidade
Ao praticar winefulness, suspendemos a urgência do saber e recuperamos o direito de sentir. Deixamos de buscar palavras prontas, descritores automáticos ou validação externa. Entramos num campo mais íntimo e subjetivo, onde o silêncio pode ser mais revelador que a técnica.
Em seu clássico O Elogio da Lentidão, Carl Honoré afirma:
"Ser lento é estar presente. É saborear a hora, não dominá-la."
O vinho é, por natureza, incompatível com a pressa. Degustar com pressa é como querer ouvir uma sinfonia em 1,5x. No winefulness, o tempo se dilata. A experiência vira um ritual. Um microcosmo de presença.
Além do gosto: o vinho como espelho do eu
O filósofo Gaston Bachelard, em A Poética do Espaço, fala sobre a intimidade dos objetos que nos habitam — e o vinho pode ser um deles. Ele pode nos revelar tanto quanto nos satisfaz. Pode nos devolver memórias, provocar associações, despertar sensibilidades esquecidas.
Há quem beba para fugir. O winefulness propõe o contrário: beber para retornar.
Retornar ao corpo.
Retornar ao agora.
Retornar ao paladar como via de autoconhecimento.
É um gesto pequeno, mas subversivo. Num mundo de distrações, escolher a presença é um ato de liberdade.
Uma prática simples (mas profunda)
Você não precisa ser especialista, enófilo ou praticante de meditação para experimentar o winefulness. A proposta é simples — e justamente por isso, exigente:
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Escolha um vinho com intenção.
Não o mais caro, nem o mais complexo. Mas o que te chama hoje. -
Desligue estímulos externos.
Nada de TV, celular ou música alta. Deixe o vinho ocupar o espaço. -
Sirva-se devagar.
Observe o líquido, sinta seu peso no copo. Note a cor, os reflexos. -
Aproxime-se com o nariz, depois com os lábios.
Inspire fundo. Beba com calma. Deixe o vinho tocar a boca inteira. -
Observe o que vem.
Sensações. Pensamentos. Lembranças. Não julgue. Apenas acolha. -
Depois de beber, não fale imediatamente.
Deixe que o silêncio diga algo. -
Agradeça.
Pelo momento, pelo corpo, pela terra. Pelo simples privilégio de sentir.
Conclusão: um caminho de volta
Winefulness não é técnica, é postura. Não é performance, é presença. E, mais do que isso, é um lembrete:
Você não precisa entender tudo para estar inteiro no momento.
O vinho pode ser muitas coisas. Produto, símbolo, prazer. Mas, acima de tudo, ele pode ser um caminho de volta a si mesmo.
Com apreço,
Equipe Angheben.
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Sugestão de autores para aprofundamento:
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Jon Kabat-Zinn – Onde quer que você vá, é você que estará
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Thich Nhat Hanh – Saborear: meditação para comer com atenção plena
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Carl Honoré – O Elogio da Lentidão
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David Whyte – Consolations
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Ruth Ozeki – Timecode of a Face
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Bachelard – A Poética do Espaço